18 de abr. de 2011

Justiça manda exumar o corpo de Salvador Allende


Nesta sexta-feira, a Justiça chilena ordenou a exumação do corpo do ex-presidente Salvador Allende para saber se ele foi assassinado ou se suicidou, como conta a versão histórica. Ele morreu um tiro na cabeça em 11 de setembro de 1973 em meio a um bombardeio aéreo e terrestre no Palácio de La Moneda, quando o general Augusto Pinochet liderou um golpe de Estado.


Quem fez o pedido de exumação à Justiça foi a filha do ex-presidente, a senadora e escritora Isabel Allende, do Partido Socialista do Chile. "Para mim parece relevante para o país e para o mundo que se possa estabelecer de uma vez por todas juridicamente as causas de sua morte e as circunstâncias que a envolveram, que foram de extrema violência", comentou nesta sexta-feira a filha do ex-presidente à rede de televisão CNN Chile.


O corpo de Allende foi submetido a uma necropsia no hospital militar de Santiago que determinou como suicídio a causa da morte. O seu médico pessoal, Patrício Guijón, que viu o corpo, apoia a versão oficial aceita até agora pelo Chile: a de que Allende teria se suicidado com um fuzil que foi dado a ele pelo ex-ditador cubano Fidel Castro.


Porém, em 2008, o renomado médico forense Luis Ravanal afirmou, baseado na necropsia efetuada no hospital militar, que o ex-presidente não havia se suicidado, e sim, que foi assassinado. Em seu relatório, o médico ressalta que a morte do ex-presidente teria sido ocasionada por dois tiros à curta distância de diferentes armas.


Allende, o primeiro e único marxista a chegar ao poder pelas urnas, também havia advertido que preferia morrer a se render às forças militares de Pinochet. “O discurso dele é incompatível com a tese de suicídio”, disse Alicia Matos, presidente da Afep (Associação de Familiares de Executados Políticos) à Opera Mundi. "Esse ato de tirar a própria vida não ocorreu porque naquela manhã o presidente Allende estava deprimido, foi resultado da extrema violência de toda a situação antes e durante o golpe", afirmou Isabel Allende. A Procuradoria da Justiça constatou que pelo menos 726 das mais de 3.000 vítimas que a ditadura deixou não eram objeto de investigação judicial, entre elas a de Allende.


(Com agência France-Presse)


Revista Veja

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